A história do Autismo - e o impacto na identificação em mulheres!
.. saber da história e da evolução nas identificações e critérios diagnósticos salva vidas.
Começo esse POST com um trecho do artigo - Autismo em Mulheres- escrito por César Ochoa-Lubinoff 1, Brígida A Makol 2, Emily F Dillon 3 . ( clicando no link você tem acesso ao artigo ) .
“Em relação ao sexo masculino, as mulheres com transtorno do espectro autista (TEA) apresentam diferenças neurobiológicas e de apresentação clínica. Pesquisas recentes sugerem que a diferença de prevalência de TEA entre homens e mulheres é menor do que a relatada anteriormente. As diferenças entre os sexos na apresentação dos sintomas, bem como o viés masculino do TEA, são responsáveis pelo diagnóstico/atraso entre as mulheres. Investigar o TEA e fornecer encaminhamentos de avaliação psicológica para mulheres que estão lutando socialmente e apresentam condições complexas de saúde mental (por exemplo, TDAH, depressão), mesmo quando não apresentam características autistas típicas, é importante. O diagnóstico preciso facilita a compreensão dos desafios, aumenta o acesso a tratamentos e alivia a carga do TEA.”
Existe evidências de que o funcionamento do cérebro feminino difere do masculino em diversos aspectos, mesmo nas pessoas neurotípicas essa diferença existe. E alguns estudos genéticos apontam variações que podem ser significativas já no desenvolvimento embrionário do sistema nervoso central de meninos e meninas e que provavelmente estão por trás das diferenças cognitivas observadas entre eles.
O que essa diferença apresenta :
1- Algumas mulheres em geral tendem a verbalizar mais seus pensamentos e sentimentos e são mais atentas ás reações das pessoas á sua volta, o que as torna mais competentes no âmbito da reciprocidade social.
2- As mulheres aprendem os conceitos com maior rapidez e são mais hábeis em mimetizar expressões faciais, corporais, aspectos da prosódia ( ou seja entendem as características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entoação) e da troca social.
3- Muitas conseguem ter a interação social devido a capacidade de copiar comportamentos socialmente desejáveis observando outras pessoas. O que denominamos de camuflagem.
Em relatos publicados por mulheres autistas, muitas revelam que se sentiram compelidas "Obrigadas" desde cedo a desenvolverem as estratégias de imitar pessoas que percebiam ser bem sucedidas nos relacionamentos sociais, pessoas do seu a vida real ou personagens de ficção.
Todas essa invisibilidade tem o seu preço. A melhor percepção das reações de agrado ou desagrado das pessoas á sua volta costuma ser uma grande fonte de estresse. O esforço para camuflar as dificuldades e agir "como o esperado" pode ser gigantesco. Mesmo as situações comuns da rotina diária demandam muitas vezes um nível de alerta intenso e constante.
Como por exemplo :
1- Grande empenho para se adequar aos diálogos e interações com os outros.
2- Alto nível de autocontrole para suprimir reações e comportamentos considerados inadequados.
3- Se expor a locais com muito estimulo, seja luminosos, auditivos, e no outro dia sentir-se esgotada, sem animo e energia.
Ao longo e tempo, a tensão contínua pode levar a quadros de ansiedade, depressão, que são na verdade secundários ao problema real. Muitas mulheres apenas procuram ajuda média ou psicológica quando já apresentam essas questões. E muitas vezes, recebem apenas esse diagnóstico secundário, enquanto a sua verdadeira natureza permanece inacessível. ( Comigo foi assim )
Não deixe o seu emocional passar do limite, busque ajuda, um com acompanhamentos, e um diagnóstico assertivo.
Na história do autismo muitas mudanças aconteceram desde 1943, a identificação diagnóstica começou quando em 1943 Leo Kanner, médico da Universidade Johns Hopkins e pioneiro da psiquiatria infantil, o propôs em um artigo. Kanner se inclinou pela explicação biológica do autismo, e afirmou que os comportamentos autistas pareciam se apresentar desde tenra idade. Citou no último paragrafo de seu artigo: “Devemos, portanto, supor que estas crianças vieram ao mundo com uma incapacidade biologicamente inata de formar laços afetivos comuns de base biológica com as pessoas, assim como outras crianças vêm ao mundo com incapacidades físicas ou intelectuais inatas.”
Contudo um aspecto das suas observações o deixara intrigado. “ Não é fácil avaliar o fato de que todos os pacientes são filhos de pais altamente inteligentes. O certo é que há um alto grau de obsessão no histórico familiar”.
As palavras autismo, e autista mal figuravam na tentativa inicial da Associação Americana de Psiquiatria (AAP) de padronizar os diagnósticos psiquiátricos na primeira edição do DSM ( manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais ) American Psychiatric Association, publicada em 1952.
As poucas vezes em que estas palavras apareciam era para descrever sintomas de outro diagnóstico, a esquizofrenia.
Essa foi somente uma introdução sobre a história até chegarmos nos tempos atuais, farei outro POST escrevendo essa trajetória, para melhor entendimento e as datas mais marcantes. As últimas mudanças no DSM - V ( o mais atual ) que ocorreu em 2013, foi de extrema importância para dar visibilidade as mulheres que sempre tiveram uma jornada solitária, invisível, e desafiadora. Agora cabe aos profissionais de saúde se atualizarem para promover mais qualidade de vida as pacientes que chegam até eles, assim como acontece comigo.
1. Porque falar sobre isso ?
Vejo que muitas mulheres passam a vida toda com diagnósticos errôneos psiquiátricos, ou até mesmo somente as comorbidades sendo vista ao invés da condição de base existente que gera toda a instabilidade emocional, e psíquica.
Na minha prática de atuação como Médica que realiza identificação diagnóstica tardia em mulheres com TDAH , Autismo, Altamente Sensíveis e Superdotação vejo a história se repetir, sempre. E mesmo sendo da área médica, eu passei por esse processo, sendo identificada como TDAH-desatenta aos 17 anos, quando na verdade a minha identificação correta apareceu após me tornar mãe, o que me gerou grande instabilidade emocional, e assim passando por avaliações e consultas o diagnóstico assertivo apareceu - Autista Nível 1 de suporte com Altas Habilidades/Superdotação- Essa associação é denominada como Dupla Excepcionalidade ( vou falar mais sobre isso em outros posts )
2. A importância de gerar conteúdo através da experiência prática, teorias e experiência pessoal
Quando compartilhamos conteúdos com embasamento seja científico, teórico, pessoal, ou prático geramos uma real identificação e com isso podemos mudar vidas. A grande identificação chega e assim vamos formando uma verdadeira comunidade de apoio trocas e interação - Por isso sempre que puder deixe seu comentário - vou adorar realizar trocas com você e te ler.
3. Informações importantes
Nessa página podemos interagir de algumas maneiras, estarei fazendo POSTS com conteúdos exclusivos toda semana, as sextas feiras pela manhã ( gosto de dedicar esse momento para a escrita ) então estando aqui comigo pode esperar certas postagens que envolvem o universo das mentes neuro divergentes englobando conteúdos sobre, TDAH, Autismo, Alta Sensibilidade, e Superdotação EM MULHERES, além da conexão da Neuro divergência com a espiritualidade. Meu foco são as mulheres e as peculiaridades que envolvem o psiquismo a inteligência, e o comportamento.
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5- Compartilhar a sua história como neuro divergente para ajudar muitas mulheres.